Félix Moya, musico moçambicano natural de Inhambane,
completa 20 anos de carreira neste 2016, o correspondente a bodas de porcelana.
Para assinalar essas bodas que celebram uma caminhada
com muitas nuances, sabores, vivências e muitos encontros, o artista
oferece aos seus fãs um novo álbum de originais com um lançamento oficial
marcado para Novembro próximo na capital do País.
Intitulado “Retrospectiva”, a obra
discográfica faz fusão entre ritmos de Moçambique e do mundo. Mas ressalva as
grandes referências de ritmos da terra natal do artista e um pouco de uma
África profunda, buscando bases e exemplos de nomes como; Papa Wemba, Habib
Koité, Pépé Kalé, Mulatu Astake entre outros.
Talvez seja por isso, que a par dos seus
ídolos, Félix Moya canta melancolicamente. Seja num tema que exalta as farturas
da vida, Moya liberta a alma entristecida dentro dos seus acordes."Eu
canto triste, até músicas alegres. Nunca entendi as razões disse, apenas
acontece", confessa.
Dono de uma melodia torturadora em noites
sofridas e frias, Félix Moya, apresenta-se como um músico sem preconceitos;
canta marrabenta, zouk e um pouco de afro-funk. A sua obra viaja o mundo
inteiro, mas nunca se esquece do seu berço, Moçambique, onde moram os seus
defuntos e deuses.
Por razão disso, Moya, sonha com uma
indústria de música que se preocupe em influenciar as novas gerações a
preservarem a riqueza dos nossos ritmos. Para o efeito, o nosso entrevistado,
tem apoiado de várias formas os mais jovens que se iniciam nas lides musicais.
E foi assim que também lhe aconteceu no começo da carreira, foi apadrinhado
pelos mais velhos.
"Aos mais novos, sempre lhes digo para
que façam o que lhes vem na alma, mas sem esquecerem as suas raízes”.
De acordo com a nossa fonte "Não é
preciso fugir da sua naturalidade nem a sua realidade para poder pôr as suas
obras no estrangeiro". Moya acrescenta que foi em reconhecimento a
naturalidade do seu trabalho, que canais como RDP África e no RFI divulgam com
frequência as suas músicas.
O artista não acredita no conflito entre as
gerações, aposta na partilha, confiança e pacto entre os músicos e artistas de
outras expressões. Canta triste, mas está bastante alegre com o rumo da
carreira iniciada na terra tranquila e prometida, Inhambane.
O maior orgulho a destacar em relação aos 20
anos da carreira do Félix é o “facto de eu ter contribuído para o
enriquecimento da cultura moçambicana, através da minha música, tendo tentado
exportar o nome de moçambique para além fronteira”, afirma o artista, realçando
que o facto pode ser testemunhado por os que tem acompanhado a sua carreira e
também os amantes da música moçambicana.
Félix acredita que para além de entreter, o
músico tem a função de educar, e ao longo da sua carreira tentou manter como espinha
dorsal a valorização das línguas nacionais nas suas músicas, apesar de
internacionalizar a sua música ritmicamente, a identidade moçambicana está lá
presente.
Félix Moya destaca algumas pessoas que lhe
marcaram e que deram muito contributo no início da sua carreira a solo, “ o
Xidiminguana é meu pai espiritual, este me inspirou muito no âmbito cultural,
para além do seu filho Bernardo que é meu produtor”. Zé Pires, produtor do seu
primeiro álbum é referenciado neste destaque, pois, “este álbum que o Zé
originou tem uma faixa, “Livangone”, que ganhou, em 2003, melhor canção. Neltom
Miranda também é outra figura que marcou e suportou o início da carreira deste
músico da terra de boa gente e que hoje celebra 20 anos de carreira.
A partir de 1992, Félix Moya junta se a um
agrupamento chamado “Satélites”, com colegas como Roberto Isaías e outros. Aqui
assimila bases mais sólidas para a construção de uma carreira mais profissional,
que tomaria um outro caminho em 1996, quando Félix Moya abraça carreira a solo,
e com assistência do seu amigo Necco Novela. Foi ao lado do Necco que produz e
grava, ainda no mesmo ano, o tema “Unganhihuli” que veio ganhar, em 1997, o
prémio Revelação no Ngoma.
Mas é importante recordar que Félix Moya teve
grandes colaborações com nomes importantes da nossa música, casos de; Stiwart
Sukuma, António Marcos, Júlia Mwito, Elsa Mangue, Joana Coana, Elvira Viegas,
Joaquim Macuacua e muitos mais.
“Retrospetiva”, álbum a ser lançado oficialmente para o
público em Novembro próximo, e que também vem marcar a celebração dos 20 anos
da carreira do Félix Moya, é caracterizado por temas sociais e bastantes
profundas, com forte marcas do atual cenário em que o país e o mundo se
encontram nos últimos tempos.
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