segunda-feira, 18 de julho de 2016

Félix Moya Celebra bodas de porcelana

Félix Moya, musico moçambicano natural de Inhambane, completa 20 anos de carreira neste 2016, o correspondente a bodas de porcelana. Para assinalar essas bodas que celebram uma caminhada com muitas nuances, sabores, vivências e muitos encontros, o artista oferece aos seus fãs um novo álbum de originais com um lançamento oficial marcado para Novembro próximo na capital do País.

Intitulado “Retrospectiva”, a obra discográfica faz fusão entre ritmos de Moçambique e do mundo. Mas ressalva as grandes referências de ritmos da terra natal do artista e um pouco de uma África profunda, buscando bases e exemplos de nomes como; Papa Wemba, Habib Koité, Pépé Kalé, Mulatu Astake entre outros.

Talvez seja por isso, que a par dos seus ídolos, Félix Moya canta melancolicamente. Seja num tema que exalta as farturas da vida, Moya liberta a alma entristecida dentro dos seus acordes."Eu canto triste, até músicas alegres. Nunca entendi as razões disse, apenas acontece", confessa.

Dono de uma melodia torturadora em noites sofridas e frias, Félix Moya, apresenta-se como um músico sem preconceitos; canta marrabenta, zouk e um pouco de afro-funk. A sua obra viaja o mundo inteiro, mas nunca se esquece do seu berço, Moçambique, onde moram os seus defuntos e deuses.

Por razão disso, Moya, sonha com uma indústria de música que se preocupe em influenciar as novas gerações a preservarem a riqueza dos nossos ritmos. Para o efeito, o nosso entrevistado, tem apoiado de várias formas os mais jovens que se iniciam nas lides musicais. E foi assim que também lhe aconteceu no começo da carreira, foi apadrinhado pelos mais velhos.

"Aos mais novos, sempre lhes digo para que façam o que lhes vem na alma, mas sem esquecerem as suas raízes”.

De acordo com a nossa fonte "Não é preciso fugir da sua naturalidade nem a sua realidade para poder pôr as suas obras no estrangeiro". Moya acrescenta que foi em reconhecimento a naturalidade do seu trabalho, que canais como RDP África e no RFI divulgam com frequência as suas músicas.

O artista não acredita no conflito entre as gerações, aposta na partilha, confiança e pacto entre os músicos e artistas de outras expressões. Canta triste, mas está bastante alegre com o rumo da carreira iniciada na terra tranquila e prometida, Inhambane.

O maior orgulho a destacar em relação aos 20 anos da carreira do Félix é o “facto de eu ter contribuído para o enriquecimento da cultura moçambicana, através da minha música, tendo tentado exportar o nome de moçambique para além fronteira”, afirma o artista, realçando que o facto pode ser testemunhado por os que tem acompanhado a sua carreira e também os amantes da música moçambicana.

Félix acredita que para além de entreter, o músico tem a função de educar, e ao longo da sua carreira tentou manter como espinha dorsal a valorização das línguas nacionais nas suas músicas, apesar de internacionalizar a sua música ritmicamente, a identidade moçambicana está lá presente.

Félix Moya destaca algumas pessoas que lhe marcaram e que deram muito contributo no início da sua carreira a solo, “ o Xidiminguana é meu pai espiritual, este me inspirou muito no âmbito cultural, para além do seu filho Bernardo que é meu produtor”. Zé Pires, produtor do seu primeiro álbum é referenciado neste destaque, pois, “este álbum que o Zé originou tem uma faixa, “Livangone”, que ganhou, em 2003, melhor canção. Neltom Miranda também é outra figura que marcou e suportou o início da carreira deste músico da terra de boa gente e que hoje celebra 20 anos de carreira.

A partir de 1992, Félix Moya junta se a um agrupamento chamado “Satélites”, com colegas como Roberto Isaías e outros. Aqui assimila bases mais sólidas para a construção de uma carreira mais profissional, que tomaria um outro caminho em 1996, quando Félix Moya abraça carreira a solo, e com assistência do seu amigo Necco Novela. Foi ao lado do Necco que produz e grava, ainda no mesmo ano, o tema “Unganhihuli” que veio ganhar, em 1997, o prémio Revelação no Ngoma.
Mas é importante recordar que Félix Moya teve grandes colaborações com nomes importantes da nossa música, casos de; Stiwart Sukuma, António Marcos, Júlia Mwito, Elsa Mangue, Joana Coana, Elvira Viegas, Joaquim Macuacua e muitos mais.


“Retrospetiva”, álbum a ser lançado oficialmente para o público em Novembro próximo, e que também vem marcar a celebração dos 20 anos da carreira do Félix Moya, é caracterizado por temas sociais e bastantes profundas, com forte marcas do atual cenário em que o país e o mundo se encontram nos últimos tempos.

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