segunda-feira, 4 de julho de 2016

Em livro, Júlio Silva Revaloriza instrumentos tradicionais de Moçambique

Ao som de vários instrumentos tradicionais, Júlio Silva fez, durante 15 anos, incursões a uma cultura que diz ser relegado á condição do mundo. Os instrumentos tradicionais, que a fazem vibrar, são dos artistas, ecoam das cabanas, quintais e aldeias dos artistas, que para o musico-escritor tem um lugar por debaixo da lua e do sol que ilumina o nosso meio. É neste caminho que o musico-escritor produziu este livro, “Instrumentos Musicais Tradicionais de Moçambique”, lançada na semana finda em Maputo.


Como garimpeiro, Júlio Silva partiu a busca de uma realidade que sabia que existia, porque evidente. A sua pesquisa foi, de ponto de vista de premissa, fácil, já que o musico-escritor, é educado num meio artístico-cultural, indignava-se quase sempre“ porque é que Moçambique não divulga a sua história, a sua fora cultural?”

“Há muitos instrumentos que encontrei que só tem a ver com o mundo espiritual aqui internamente, e é ingressado que muitos desses instrumentos são muito usados no Brasil, a “Cuica” por exemplo, é muito usual no carnaval, mas aqui encontramos em Maputo, na zona de Bela Vista, e só em casa de curandeiro, e é um instrumento sagrado e escondido. E como isso não é visível, as pessoas não sabem que isso é nosso”, conta o autor que para produzir este livro conversou, em varias sessões de entrevistas, com pessoas de todo o país.

“Fiz intensas pesquisas e conversei muito com pessoas de diferentes localidades, o que me possibilitou conhecer muito do que não sabia e nem imaginava. Eles foram mais que fontes para eu escrever, são também co - autores do livro” justifica Júlio Silva, que diz, “foi a partir de muitos velhotes que descobre excessiva realidade escondida” atribui um grande reconhecimento a todos esses fontes.

Segundo o Silva, essa co - atribuição a essas pessoas é mais do que um reconhecimento a fontes para se interessante, tal é a quantidade de histórias que contaram. “É um reconhecimento de que temos muito mais autores de histórias do nosso país. As vezes nem sempre são os que escrevem, mas são grandes autores. É o caso dos parceiros que encontrei durante o percurso”.

“Instrumentos Musicais Tradicionais de Moçambique” é uma espécie de uma denúncia que o Júlio Silva faz em relação ao certo esquecimento e não vontade politica de ir a busca daquilo que é a verdadeira história cultural de um povo. Em espécie de exigência de um reconhecimento para as tradições africanas, sobre tudo moçambicano, crenças, sonoridades, e formas de fazer a arte, o autor precisa o valor quase perdido do património moçambicano, “ não se manifesta nenhuma vontade politica de recuperar aquilo que é nosso. E depois, com a escravatura, muita coisa foi parar em outros cantos, europas e nas américas, e aqueles povos la reinventaram muitos desses instrumentos, tornaram a as mais coloridas e comercializam, e parece que nos já não temos como dizer que isso é nosso. As gerações de agora, por sinal, pensam que aquilo é outrem, mas não, a nossa história não aprofunda essas matérias”, desabafa.

Júlio afirma que há risco de muitos instrumentos desaparecerem, “muitas das minhas fontes só explicavam oralmente ou desenhavam o que tocavam, daí, eu ia a procura e encontrava aquilo já aos pedaços, e os filhos desses tocadores não deram continuidade, muitos fugiram por causa da guerra e da fome, não deram progressão as tradições”, explicou.

Em relação a visibilidade dos instrumentos tradicionais moçambicanos na diáspora, o autor afirma que  há necessidade de se  gravar os nossos festivais, apresentar mais a fabricação dos nossos instrumentos e isso passar a nível internacional, ai as pessoas vão ter a noção da proveniência desses instrumentos e como saíram daqui, “Porque não é apenas relatar a fabricação, temos também de ilustrar como foi a viagem desses mesmos instrumentos para diversos cantos do mundo. O exemplo de milhares de escravos que foram para o Brasil e o Berimbau la, é o nosso Chitende, e existem milhares de Quilombos de origem moçambicana. O que se vê depois é a falta um intercâmbio, não há um trabalho do fundo que faz-se com essa descendência moçambicana”, conclui.


“Instrumentos Musicais Tradicionais de Moçambique” foi chancelado pela Editora Paulinas, estando quase a esgotar no mercado. Pela resposta que a obra teve por parte dos interessados na matéria, o autor e a editora prometem esforçar-se para que haja mais edições.

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