A crónica de imprensa acentua uma certa subjetividade já visível
na época medieval, quando esta manifestava certa incapacidade de o cronista se
documentar para melhor representar o tempo em causa. Ou seja, o que importa na
cronica hoje, já não é o trabalho com o tempo, mas sim o comentário narrativo
do facto, realçando dimensões culturais, ideológicas, sociais, económicas, etc.
que escapariam a um observador comum.
É nesta perspectiva da crónica como espaço, sobretudo da
subjectividade do cronista que lê e observa o mundo à sua volta, que se insere
o Pandza
do Hélder Faife, obra lançada na última quarta-feira (03), em Maputo, sob a
chancela da Alcance Editores.
Nesta obra, questões diárias, de vária ordem social,
cultural, económica se levantam e para as mesmas se propõe soluções, de forma
implícita e irónica.
Este livro é resultado duma coluna de crónicas que o
autor tinha no Jornal @verdade. Estás cronicas precisavam de um título que
tivesse a ver com este tipo de textos, cujos conteúdos eram de natureza
corriqueiro, tal como o ritmo musical e estilo de dança Padza [criado espontaneamente
por uma vaga de jovens artistas, centrados em Maputo, nos últimos tempos],
então isso inspirou o autor a dar esse nome a coluna que consequentemente veio
a ser o nome dessa obra que foi lançada na quarta-feira na Associação dos
Escritores Moçambicanos em Maputo.
Por o livro ter sido lançado somente agora, apesar de
estar nas bancas a dois anos, o autor argumenta que apesar desse tempo todo, os
textos não precisaram de arranjos nem contextualização. “Apesar dos textos
serem crónicas, e a crónica pela sua natureza abordar assunto pontual, que é
fácil morrer com o tempo, tive o cuidado de escrever crónicas com uma roupagem
de conto e que mais que passasse o tempo pudessem ter um enquadramento como
contos”, explicou.
“A bolsa da minha
Mãe”, foi tema de um dos textos que foi sublinhado pelo autor na apresentação da
obra, para dar a perceber que o conteúdo deste livro tem muita relação com o
seu próprio autor, “tudo que um escritor tira para fora são experiências pelas
quais ele passou, neste caso não foi exatamente com a minha mãe, mas vendo outras
mães, e duma ou de outra mãe as realidades acabam se relacionando”, considerou.
Uma vez que estes textos já foram publicados no jornal, o
autor diz já ter a ideia do impacto dos conteúdos, também porque tinha o
feedback, todas as semanas, dos leitores através da edição online, e também de
outros que comentavam de forma pessoal. Por isso, o autor espera que haja
continuidade dessa correspondência agora através dessa obra.
Está prevista uma promoção desta obra para o mundo fora,
estando ainda ser promovido a nível doméstico, sendo a principal barreira, de
promover no exterior, a crise económica que o pais atravessa nesse momento,
explicou o representante da Alcance, a editora que chancela este livro.
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