terça-feira, 9 de agosto de 2016

PANDZA! Uma proposta literária do Hélder Faife

A crónica de imprensa acentua uma certa subjetividade já visível na época medieval, quando esta manifestava certa incapacidade de o cronista se documentar para melhor representar o tempo em causa. Ou seja, o que importa na cronica hoje, já não é o trabalho com o tempo, mas sim o comentário narrativo do facto, realçando dimensões culturais, ideológicas, sociais, económicas, etc. que escapariam a um observador comum.

É nesta perspectiva da crónica como espaço, sobretudo da subjectividade do cronista que lê e observa o mundo à sua volta, que se insere o Pandza do Hélder Faife, obra lançada na última quarta-feira (03), em Maputo, sob a chancela da Alcance Editores.
Nesta obra, questões diárias, de vária ordem social, cultural, económica se levantam e para as mesmas se propõe soluções, de forma implícita e irónica.

Este livro é resultado duma coluna de crónicas que o autor tinha no Jornal @verdade. Estás cronicas precisavam de um título que tivesse a ver com este tipo de textos, cujos conteúdos eram de natureza corriqueiro, tal como o ritmo musical e estilo de dança Padza [criado espontaneamente por uma vaga de jovens artistas, centrados em Maputo, nos últimos tempos], então isso inspirou o autor a dar esse nome a coluna que consequentemente veio a ser o nome dessa obra que foi lançada na quarta-feira na Associação dos Escritores Moçambicanos em Maputo.

Por o livro ter sido lançado somente agora, apesar de estar nas bancas a dois anos, o autor argumenta que apesar desse tempo todo, os textos não precisaram de arranjos nem contextualização. “Apesar dos textos serem crónicas, e a crónica pela sua natureza abordar assunto pontual, que é fácil morrer com o tempo, tive o cuidado de escrever crónicas com uma roupagem de conto e que mais que passasse o tempo pudessem ter um enquadramento como contos”, explicou.

 “A bolsa da minha Mãe”, foi tema de um dos textos que foi sublinhado pelo autor na apresentação da obra, para dar a perceber que o conteúdo deste livro tem muita relação com o seu próprio autor, “tudo que um escritor tira para fora são experiências pelas quais ele passou, neste caso não foi exatamente com a minha mãe, mas vendo outras mães, e duma ou de outra mãe as realidades acabam se relacionando”, considerou.
 
Uma vez que estes textos já foram publicados no jornal, o autor diz já ter a ideia do impacto dos conteúdos, também porque tinha o feedback, todas as semanas, dos leitores através da edição online, e também de outros que comentavam de forma pessoal. Por isso, o autor espera que haja continuidade dessa correspondência agora através dessa obra.


Está prevista uma promoção desta obra para o mundo fora, estando ainda ser promovido a nível doméstico, sendo a principal barreira, de promover no exterior, a crise económica que o pais atravessa nesse momento, explicou o representante da Alcance, a editora que chancela este livro.

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