Desde a sua formação há mais de 8 anos o Makwerho tem
privilegiado levar ao palco e as comunidades peças teatrais com uma forte
componente de intervenção social, debatendo, de forma critica e cómica, os problemas
do nosso tempo e incentivando a uma participação responsável e comprometida.
Neste domínio, as peças são fruto de inspiração cotidiana
alicerçada por vários autores de literatura moçambicana e mundial.
Desta vez, o
principal motivo da aparição desde coletivo, é o brinde “A falecida” uma das
melhores peças, de 1953, de Nelson Rodrigues, uma das suas tragédias cariocas,
ou farsas trágicas, adaptada por este grupo “Makwerhu”, para o contexto
moçambicano de hoje. Zulmira passou a morar no Bairro de Magoanine e, graças à
universalidade das personagens de Nelson Rodrigues, a peça entrou perfeitamente
no cenário actual de Maputo.
A peça retrata
a história de Zulmira, uma jovem mulher do subúrbio, que pressente a sua
própria morte e que, para compensar as frustrações da sua vida, procura
organizar para ela mesma o enterro mais luxuoso de todos os tempos.
Apresentada
pela primeira vez no passado dia 12 de Junho, durante o 13° Festival de Teatro
de Inverno de Maputo, e muito recentemente, na última semana no Centro Cultural
Franco Moçambicano, em Maputo, encerando a presente temporada, a peça foi uma
das criações que se destacaram durante o evento, revelando, mais uma vez, o
grande potencial dos jovens actores do grupo Makwerhu.
O encenador
pretende muito levar este grupo para outras paradas, sente ele que este
coletivo tem muito para dar, “num futuro próximo vamos fazer um torne pelas
província, e vamos participar ativamente na próxima temporada do Teatro
Avenida, e esta em vista uma digressão polos países da lusofonia, destacou.
O encenador
desta peça, Guilherme Thieriot, franco-brasileiro, falou para o nosso Jornal em
relação a esta produção com o agrupamento Makwerhu, “ conheci este grupo a um
ano e meio atrás, quando fazia uma parte do meu trabalho em Moçambique, que é
de cooperação, e fazíamos intervenções nas escolas secundarias sobre Violência
Domestica sendo este o grupo que nos encomendaram na altura, pois eles tinham
uma cena curta que retratava essa questão”. Explicou.
Mais trabalhos,
de caracter social, foram desenvolvidas entre o encenador e este colectivo, a
procura de um grupo com fortes características de personagens suburbanas foi um
dos motivos que levou o encenador a colaborar com esse coletivo, muito pela
natureza das peças e da mensagem elas carregam.
Essa peça já
foi apresentada na última edição do Festival de Inverno, na Escola Francesa e
na Província de Inhambane, o Guilherme considera que o fedback sempre foi ótimo
e “ pelo retorno que tivemos, acho que atingimos os nossos objectivos, que é
divertir as pessoas, passando por cima uma certa mensagem apelativa, e
claramente ver o nível da nossa criação em relação a eficácia”, aludiu.
O Makwerho tem privilégio de intercâmbios com companhias,
encenadores e diretores moçambicanos e estrangeiros, são o caso de Eliot Elex,
Associação da Casa Velha, Associação Girasol, Grupo de tetro de Oprimido,
Gulherme Thieriot (Franca), entre outros.
O grupo surge
como fruto do projecto de formação de actores e criação de obras teatrais
religiosas, comunitárias na igreja nossa Sra. Aparecida de Mavalane, no bairro
de Mavalane B, perto da Avenida FPLM.
MAKWERHO
significa irmão nas línguas nacionais de Moçambique (Ronga e Changana), por se
tratar de um grupo que se dedica a levantamento de actos morais com base na
irmandade. Tem como seus membros Dany Banze, Helder Bata, Cris, Estreanty,
Festinhas Honuwana, Orlas Intimane, Jeff Maria, Jhon Thomas e Cesária Vuende.