segunda-feira, 6 de junho de 2016



“É preciso ter coragem para se estar bem na música”
       Wazimbo regressa com "Raízes"

Começou a sua carreira aos 16 anos numa banda local denominado Silverstar, fazendo música pop internacional. Em 1962 ganha um contrato para Angola, naquilo que seria a sua primeira internacionalização. Hoje, Wazimbo é uma das mais notáveis vozes moçambicanas com créditos internacionais. Na semana passada, apresentou o seu segundo trabalho discográfico, a solo, intitulado "Raízes", para o agrado do público que há muito já vinha pedido mais um disco do seu ídolo.

Momentos depois do lançamento do disco, o jornal Sábado trocou dois dedos de conversa com este músico que muito bem representa a cultura moçambicana, dentro e fora do país.

Procuramos saber em primeiro lugar como anda a sua saúde musical, aos que nos respondeu que "vai tudo bem. Os convites para colaborações não param de aparecer e estes vem de forma natural. Sinto que as pessoas que me procuram têm um certo respeito pela minha carreira, acho que é um reconhecimento do trabalho que venho desenvolvendo ao longo destes anos", considerou Wazimbo que nos últimos tempos participa em vários festivais nacionais e internacionais, sendo um dos mais recentes no Brasil.

Para Wazimo, "é possível viver de musica", não obstante admitir que o processo não é tão normal como em outros países onde no campo de financiamento de artistas existe e há interesse de promotores em patrocinar manifestações artístico-culturais.

Internamente, “os músicos são poucos acarinhados. É preciso ter coragem, persistência e auto-estima para estar bem na música", disse.

A título de exemplo, Wazimbo nos contou que para a produção e lançamento do seu disco enfrentou vários obstáculos, como qualquer outro artista. "Nao foi fácil gravar este álbum, foi preciso muita coragem e determinação. Tal trabalho acabou por ser possivel graças ao apoio das TDM e de outras instituições que respeitaram a minha carreira", acrescentou.

Até porque a ascensão da carreira do Wazimbo começou mesmo por incentivos de promotores de eventos que o convidaram a acompanhar alguns artistas, em Angola, integrado na banda Dinossauros e a tocar também obras da sua autoria, isso em 1972 e 1973.

Desde então, o artista vem se evidenciando actuando ao lado de nomes como Hortêncio Langa, Morreira Chonguiça, Jimmy Djudju, Mingas, José Mucavel. Também colaborou nos tributos "Fanny Fumo e Alexandre Langa", Orquestra Marrabenta Star (banda com qual gravou dois álbuns), Banda RM para citar alguns.

Wazimbo diz-s fã incondicional de músicos como Magide Mussa , Gabar Mabote (estes que as circunstâncias da vida não lhes permite estarem no activo), Hortêncio Langa e Jimmy Djudju, que são, para ele, alguns dos artista que melhor representam o talento dos moçambicanos.
Para o vocalista, o que falta para que os músicos moçambicanos tenham uma projecção maior que os dos seus irmãos na disporá é necessário que sejam acarinhados, tanto pelos patrocinadores como pelo público.

"Raízes" par os fãs
Depois de 18 anos, o músico decide partilhar com a sua vasta legião de fãs, moçambicanos e do resto do mundo, as experiências adqueridas das suas vivências artísticas, colaborações e resultados de pesquisas sobre o leque de ritmos de que o país dipõem, com destaque para o gênero marrabenta, seu favorito.
"Raízes" é um álbum que faz incursões pelos ritmos tradicionais africanos, afro-jazz e marrabenta que o público da cidade de Maputo teve a oportunidade experimentar. 

O disco em alusão comporta cerca de 12 faixas e conta com a participação de outras estrelas da música moçambicana, como Hortêncio Langa, Otis, Muzila e Texito Langa.

Podem se ouvir neste disco músicas como "Rio Seco", "Vidas positivas", "Nyandayeyo", "Vaka Machava" e "Samora Machel", este último que é um choro de indignação sobre a morte trágica do primeiro presidente de Moçambique independente, cujas causa e autores ainda continuam por desvendar.

No show de apresentação deste trabalho Wazimbo (voz), fez-se acompanhar pelos instrumentistas Fadir (guitarra solo), Nando (baixo), Sima (bateria), Valy (treclado), Tony Paco (precursão), Lemam Pinto (sopros), Sizaquiel e Sandra (coros).

Direitos de autor são relevantes
Wazimbo está registado na Sociedade Italiana de Autores, Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), Sociedade de Autores Sul-africana (SAMBRO) e na Sociedade de Autores Alemã (PIRANHA).
Este músico é igualmente membro da Sociedade Moçambicana de Autores (SOMAS). Com a sua larga experiência, Wazimbo acredita que a “SOMAS podia fazer muito mais”, tanto no combate à  pirataria, assim como no controlo das músicas tocadas nas rádios, poís, salienta, "não se justifica que seja  apenas a Rádio Moçambique e a Televisão de Moçambique a pagarem os direitos de autor”.

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